SELO VERDE
Quando se fala em demolição, o que vem à cabeça são materiais inutilizados e muito lixo. Com o intuito de mudar essa imagem, a empresa de construção civil Nobre Demolidora passou a reutilizar grande parte do resíduo gerado pela demolição de obras.
Dados da empresa apontam que 80% de todo material retirado das obras recém-destruídas são reutilizados, tornando-se móveis, janelas, portas, ou mesmo sendo utilizados em novos empreendimentos. Em 2014, o total de reutilização de matéria-prima chegou a 1,5 mil toneladas.
A empresária Eliane Nóbrega diz que todo o material das demolições é tratado e enviado a um galpão para que suas condições sejam analisadas. “Nosso trabalho envolve muito mais do que o processo da demolição em si”, afirma. Ao ajudar o meio ambiente, reutilizando materiais de outras obras, a Nobre Demolidora consegue baratear seu custo de produção, fazendo bem também ao bolso do consumidor.
A empresária não revela o faturamento total, mas diz que cobra de R$ 15 mil a R$ 1,5 milhão por demolição. O preço depende do tamanho da construção e dos materiais que poderão ser reutilizados. Por mês, a empresa faz até cinco demolições.
“Tudo depende do material. Tem obra que fica mais cara porque só tem concreto. Nas que têm muita madeira e ferro, por exemplo, o desconto é maior.” Segundo Eliane, já houve construções com material “tão rico” para ser retirado que ela nem cobrou pela demolição. “Eu fico com o material em troca do serviço.”
Antes de iniciar a demolição, uma equipe vai ao local para retirar tudo o que pode ser reutilizado. “A ideia é preservar para conseguirmos aproveitar ao máximo. Sempre me perguntam se isso é vantajoso, já que entrar com a máquina direto na obra é muito mais prático. E eu afirmo que sim. Tanto para contribuir para o meio ambiente, como financeiramente.”
Ser sustentável ajuda a atrair cliente
De acordo com Eliane, o foco sustentável ajuda a atrair clientes. “Com os recursos naturais cada vez mais escassos, as pessoas estão começando a se preocupar com isso. Eu já tive cliente que escolheu nossa empresa em uma concorrência justamente por causa da nossa preocupação ambiental. Já outras, optaram por causa do preço mais baixo.”
Para manter o negócio, Eliane tem um galpão de 700 m², onde é deixado todo o material retirado das obras. Hoje a empresa conta com 30 funcionários e ainda mantém prestadores de serviços para produzir os móveis e reformar portas e janelas, por exemplo.
Setor da construção civil não está favorável
Segundo Caroline Minucci, consultora de marketing do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), algumas demolidoras costumam separar o material reciclável, mas com a ajuda de empresas especializadas. “Elas derrubam tudo e chamam as empresas para retirarem os materiais que acham que são aproveitáveis.”
No entanto, uma demolidora oferecer este serviço não é comum. “Muitas pequenas empresas procuram material reutilizado e entulho para suas obras ou em algum processo do seu negócio.”
Segundo ela, atualmente, o mercado não está favorável para as demolidoras. “O setor da construção civil está estagnado e a demanda por material de uma forma geral está baixa.”
Outro ponto desfavorável para ela é a falta de cultura do brasileiro em reutilizar materiais. “Com exceção de um pequeno grupo de empresários, o brasileiro, muitas vezes, opta por comprar um material novo, mesmo sendo mais caro, porque desconhece a oferta de reutilizáveis ou tem receio de comprar.”